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Quando fizeram o São João, de noite, eles se juntaram lá com o padrinho (o Mestre) e seu Leôncio. Aí arranjaram uma ficha e levaram pro Mestre pra ver o que ele dizia. Aí, o Zé das Neves, que era o conselheiro, disse: “Ora, Mestre, compadre, nós inventamos uma ficha aí porque o pessoal não quer ajudar. Aí, compra a ficha ali na mesa e vem tomar o daime e deixa o dinheiro lá.” Aí, o Mestre disse: “É rapaz, façam do jeito que vocês quiserem.” Mas ele não combinou e nem mandou ninguém arrumar as fichas. Foi eles que inventaram. O Mestre só disse que era pra eles fazerem do jeito que quiserem, mas, ele não combinou nem mandou. Aí, pegaram a ficha e vendiam pra todo mundo, pra seu Leôncio, pro padrinho. Quando acabaram, ficaram falando porque vendiam daime. Mas se eles venderam pro padrinho? O padrinho pra tomar daime, se não tivesse um amigo pra comprar e dar a ficha a ele. Mas, de todo jeito era comprado o daime dele, era ou não era? Era dado pra ele, mas, de toda maneira, saiu dinheiro do seu bolso que comprava ficha pra ele, se fosse eu, era a mesma coisa.


Um pouco antes, quando eu entrei na igreja, tinha aquele saquinho. Foi antes da ficha, era pra ajudar, pra fazer o daime. Mas, tinha gente que botava um tanto e tirava outro de dentro da sacola. Nesse tempo não tinha mensalidade não. Porque se houvesse mensalidade, tinha de haver diretoria e o padrinho tinha um compromisso com a mãe dele de não falar em dinheiro. Porque no próprio centro em que existe a mensalidade tem de haver uma diretoria. E a diretoria parte pelo tesoureiro, e o tesoureiro luta com o dinheiro. Então o padrinho tinha um compromisso com a mãe dele pra não falar em dinheiro, curar todo mundo sem falar em dinheiro. Mas, por causa da ficha, foi que formaram a diretoria, aí é que teve o estatuto, e se tem estatuto, tem diretoria.