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Eram muito amigos. Veio Francisco Bastos, veio Marajó. Não me lembro bem do nome, parece que era José Marajó, ele também era um maranhense. Veio tudo de lá do Maranhão pra cá. Eu tava meditando assim o nome deles pra falar o nome de um por um. Assim, os meus conhecidos da gente mesmo era meu pai, meu tio, veio Francisco Bastos, veio Irineu, veio Marajá, veio outro com o nome Crioulo, e assim, era aquela turma bacana mesmo, tudo unido como se fosse irmão.


Era assim como se fosse fazer uma festa. Só que eles eram perseguidos. Nesse tempo não era liberto não. Tinha de fazer a festa na sessão escondido. Eles faziam um bosque, meu tio e meu pai André Costa. Um bosque na mata, né, limpa aquela mata muito grande , quando acaba ia pro rio e de noite a gente ia pra lá. Eu me lembro que era pequenininha, tinha uns seis anos pra sete anos, aí eu me lembro que tomava o daime. A nossa janta era macaxeira insossa com chá de laranja, bem frio e doce. Aí, é que a gente ia tomar aquilo ali.


Quando mais um pouco não sei como é que meu tio sabia, eles nos avisavam, eu não me lembro bem, mas de repente eles encerravam a sessão. Pois a polícia ia de Cobija atrás de prender lá eles. Aí, eles avisavam e acabavam a sessão, não sei como era que eles iam e nos avisavam, aí, a gente vinha pra casa, sabe? E se tornava uma dança, a gente ia dançar pra eles chegar. Aí, a gente tava dançando, eles chegavam e não viam nada. Aí, eles voltavam, deixavam a gente em paz também.


Nessas sessões que eram feitas lá com meu pai e minha mãe, eles recebiam um tipo de “mensagem” ou “prática”, ele chamava de “prática”. Eram orientações repassadas pelo espírito. Aquilo era um tipo de regulamento que se devia seguir. Toda sessão tinha isso aí. Rainha da Floresta era uma denominação quando era dada a Nossa Senhora. Geralmente ela tinha muita mensagem. Vinha diretamente dela, tinham papel, tinha tudo... eles se concentravam. Aí meu avô ia recebendo e ia passando pro secretário e o secretário ia escrevendo. Lá assinava: a Rainha da Floresta. De tudo saía. Eles escreviam tudo, por fim dos tempos muitas coisas iam acontecer. Tudo só das práticas. Chamava-se prática”.


Rainha, aí como eu tô dizendo, era as patentes das pessoas. Rainha era a minha tia. A mãe da esposa do meu tio; o Antônio Costa. Tinha rainha, tinha princesa, tinha tudo... Dona Dulce era a princesa e daí ia dando as patentes. Eles tinham, assim, patente. Era presidente, era general, era marechal, era tudo. Meu tio Antônio Costa era o presidente da associação ele o Praticante. Daí ia baixando, mesmo que num quartel. Tinha major, tenente, o Hermógenes era tenente.